quarta-feira, 27 de maio de 2009
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Comentando o candomblé
A palavra, Candomblé, é sinônima de religião africana. Sempre foi e é usada ainda neste sentido.
O negro foi arrancado de sua terra e vendido como mercadoria. Na viagem, no tráfico, ele perdeu personalidade, representatividade, mas sua cultura, sua fé, sua história, suas vivências vieram com ele.
Estas sementes estes conhecimentos encontraram um solo, uma terra parecida com a África, embora estranhamente povoada. O medo se impunha, mas a crença – o que se sabia – exigia ser expresso.
Surgiram o culto, a raiva, a necessidade de ser livre, os quilombos. A cultura africana sobreviveu para o negro através de sua crença, de sua religião. O que se acredita, o que se deseja, é mais forte do que o que se vive.
Cada negro tinha ou sabia que seu avô, teve um orixá protetor, um guia. Em meios aos objetos traficados (os escravos) haviam jóias raras: Babalorixás, Yalorixás. Esses sacerdotes inteiros, recriaram a áfrica no Brasil.
A força se espalhou, o axé cresceu e apareceu na sociedade como forma de terreiros de candomblé. Era coisa de negro, portanto, ignorante, desprezível e rapidamente traduzida como coisa ruim, coisa do diabo, bem e mal, certo e errado.
Veio o sincretismo e o negro se escondia nas figuras de santos católicos, mas os grandes iniciados à religião no Brasil, como Mãe Estella do Oxossi, Mãe de santo do Ile ase Opo Afonjá, em 1983, dizia: “Iansã não é Santa Bárbara”. Mostrou que candomblé não era uma seita e sim uma religião independente do catolicismo. Era a tradição alienada versus a revolução coerente, era a quebra do último grilhão. O negro é livre, veio da África, tem uma história, tem uma religião, igual a qualquer outra sociedade.
Agora um novo limite, uma nova configuração se instala. Neste fim de século, com a corrosão das instituições religiosas tradicionais, com o surgimento de novas religiões, com as doutrinas esotéricas alternativas, o candomblé, agora considerado religião é visto também como uma agência eficiente: resolve problemas, cura doenças, acalma as cabeças. Os brancos querem ser negros, já não se ouve “o negro de alma branca”, agora o privilégio é ser um branco de alma negra, ter ancestralidade, “ter enredo, história com o santo”.
O candomblé é uma religião que trabalha com o segredo, o lado mundo do ser. A candomblé abre canais de expressão para o ser humano.
Fonte: Revista Candomblé Mitos e Lendas
O negro foi arrancado de sua terra e vendido como mercadoria. Na viagem, no tráfico, ele perdeu personalidade, representatividade, mas sua cultura, sua fé, sua história, suas vivências vieram com ele.
Estas sementes estes conhecimentos encontraram um solo, uma terra parecida com a África, embora estranhamente povoada. O medo se impunha, mas a crença – o que se sabia – exigia ser expresso.
Surgiram o culto, a raiva, a necessidade de ser livre, os quilombos. A cultura africana sobreviveu para o negro através de sua crença, de sua religião. O que se acredita, o que se deseja, é mais forte do que o que se vive.
Cada negro tinha ou sabia que seu avô, teve um orixá protetor, um guia. Em meios aos objetos traficados (os escravos) haviam jóias raras: Babalorixás, Yalorixás. Esses sacerdotes inteiros, recriaram a áfrica no Brasil.
A força se espalhou, o axé cresceu e apareceu na sociedade como forma de terreiros de candomblé. Era coisa de negro, portanto, ignorante, desprezível e rapidamente traduzida como coisa ruim, coisa do diabo, bem e mal, certo e errado.
Veio o sincretismo e o negro se escondia nas figuras de santos católicos, mas os grandes iniciados à religião no Brasil, como Mãe Estella do Oxossi, Mãe de santo do Ile ase Opo Afonjá, em 1983, dizia: “Iansã não é Santa Bárbara”. Mostrou que candomblé não era uma seita e sim uma religião independente do catolicismo. Era a tradição alienada versus a revolução coerente, era a quebra do último grilhão. O negro é livre, veio da África, tem uma história, tem uma religião, igual a qualquer outra sociedade.
Agora um novo limite, uma nova configuração se instala. Neste fim de século, com a corrosão das instituições religiosas tradicionais, com o surgimento de novas religiões, com as doutrinas esotéricas alternativas, o candomblé, agora considerado religião é visto também como uma agência eficiente: resolve problemas, cura doenças, acalma as cabeças. Os brancos querem ser negros, já não se ouve “o negro de alma branca”, agora o privilégio é ser um branco de alma negra, ter ancestralidade, “ter enredo, história com o santo”.
O candomblé é uma religião que trabalha com o segredo, o lado mundo do ser. A candomblé abre canais de expressão para o ser humano.
Fonte: Revista Candomblé Mitos e Lendas
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Oi
Doçura aos teus olhos,
Mais claras aos meus,
Percepções diferentes,
Numa visão facilmente igualável,
Verdades e ilusões num sussurro,
Praça,
E passa,
E passa devagar,
A vagar,
Num instante incoerente,
Coerência maldita,
Que foge a cada minuto.
Olho para baixo, formigas ao chão,
Olho para frente, asfalto,
Olho para o lado, quem era para ficar,
Vai embora.
E tudo se transforma num recomeço
Imperceptível.
Sem doçura,
Nada é claro,
Não se percebe tudo,
Se percebe nada,
Não há sussurro,
Não há mais praça,
E não passa,
Demora,
E vaga,
A vagar,
A vagar,
A vagar,
...
Ricardo Júnior
segunda-feira, 6 de abril de 2009
ELEMENTOS
As religiões tradicionais africanas, diferentes em muitas manifestações, de acordo com os respectivos povos, possuem vários pontos comuns essenciais, mas tendo como objeto central a vida.
Potências espirituais: Abaixo do Ser Supremo existem inúmeras potências mais ou menos espirituais, que se ocupam das coisas mundanas, em lugar do Ser Supremo, e que, por isso, são muito invocadas (como os orixás dos ioruba).
Ritos de iniciação: Como todos os povos primitivos, os africanos dão importância aos ritos de iniciação que, não raro, exigem provas duríssimas, até sangrentas (mutilações).
Danças: Na falta de livros, os ritos desempenham papel importante na manutenção viva e atuante das tradições religiosas e sociais. Neste sentido, as danças são de fundamental importância, pois, no seu ritmo e dinamismo, dão a máxima expressão a todas as atividades do grupo.
Curandeiros: Com artes próprias, como incisões e aplicações de ervas, e mesmo com o recurso da sugestão, atendem às necessidades do povo.
Culto: Em geral, os africanos não possuem estátuas, nem templos e sacerdotes. Os sacrifícios de animais (porcos, cães, cabritos, aves...) não são oferecidos a Deus como adoração, mas aos orixás (espíritos intermediários), como veículo de comunicação com os vivos, já que o sangue é tido como portador de vida.
Moral: Para o africano, moral e religião são praticamente a mesma coisa. As ações que prejudicam a convivência humana ou o equilíbrio das forças naturais, são punidas pela autoridade tribal ou reparadas por ritos religiosos, pois irritam igualmente os espíritos, provocando calamidades públicas, como secas, enchentes, enfermidades, mortes.
As religiões tradicionais africanas, diferentes em muitas manifestações, de acordo com os respectivos povos, possuem vários pontos comuns essenciais, mas tendo como objeto central a vida.
Potências espirituais: Abaixo do Ser Supremo existem inúmeras potências mais ou menos espirituais, que se ocupam das coisas mundanas, em lugar do Ser Supremo, e que, por isso, são muito invocadas (como os orixás dos ioruba).
Ritos de iniciação: Como todos os povos primitivos, os africanos dão importância aos ritos de iniciação que, não raro, exigem provas duríssimas, até sangrentas (mutilações).
Danças: Na falta de livros, os ritos desempenham papel importante na manutenção viva e atuante das tradições religiosas e sociais. Neste sentido, as danças são de fundamental importância, pois, no seu ritmo e dinamismo, dão a máxima expressão a todas as atividades do grupo.
Curandeiros: Com artes próprias, como incisões e aplicações de ervas, e mesmo com o recurso da sugestão, atendem às necessidades do povo.
Culto: Em geral, os africanos não possuem estátuas, nem templos e sacerdotes. Os sacrifícios de animais (porcos, cães, cabritos, aves...) não são oferecidos a Deus como adoração, mas aos orixás (espíritos intermediários), como veículo de comunicação com os vivos, já que o sangue é tido como portador de vida.
Moral: Para o africano, moral e religião são praticamente a mesma coisa. As ações que prejudicam a convivência humana ou o equilíbrio das forças naturais, são punidas pela autoridade tribal ou reparadas por ritos religiosos, pois irritam igualmente os espíritos, provocando calamidades públicas, como secas, enchentes, enfermidades, mortes.
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