A palavra, Candomblé, é sinônima de religião africana. Sempre foi e é usada ainda neste sentido.
O negro foi arrancado de sua terra e vendido como mercadoria. Na viagem, no tráfico, ele perdeu personalidade, representatividade, mas sua cultura, sua fé, sua história, suas vivências vieram com ele.
Estas sementes estes conhecimentos encontraram um solo, uma terra parecida com a África, embora estranhamente povoada. O medo se impunha, mas a crença – o que se sabia – exigia ser expresso.
Surgiram o culto, a raiva, a necessidade de ser livre, os quilombos. A cultura africana sobreviveu para o negro através de sua crença, de sua religião. O que se acredita, o que se deseja, é mais forte do que o que se vive.
Cada negro tinha ou sabia que seu avô, teve um orixá protetor, um guia. Em meios aos objetos traficados (os escravos) haviam jóias raras: Babalorixás, Yalorixás. Esses sacerdotes inteiros, recriaram a áfrica no Brasil.
A força se espalhou, o axé cresceu e apareceu na sociedade como forma de terreiros de candomblé. Era coisa de negro, portanto, ignorante, desprezível e rapidamente traduzida como coisa ruim, coisa do diabo, bem e mal, certo e errado.
Veio o sincretismo e o negro se escondia nas figuras de santos católicos, mas os grandes iniciados à religião no Brasil, como Mãe Estella do Oxossi, Mãe de santo do Ile ase Opo Afonjá, em 1983, dizia: “Iansã não é Santa Bárbara”. Mostrou que candomblé não era uma seita e sim uma religião independente do catolicismo. Era a tradição alienada versus a revolução coerente, era a quebra do último grilhão. O negro é livre, veio da África, tem uma história, tem uma religião, igual a qualquer outra sociedade.
Agora um novo limite, uma nova configuração se instala. Neste fim de século, com a corrosão das instituições religiosas tradicionais, com o surgimento de novas religiões, com as doutrinas esotéricas alternativas, o candomblé, agora considerado religião é visto também como uma agência eficiente: resolve problemas, cura doenças, acalma as cabeças. Os brancos querem ser negros, já não se ouve “o negro de alma branca”, agora o privilégio é ser um branco de alma negra, ter ancestralidade, “ter enredo, história com o santo”.
O candomblé é uma religião que trabalha com o segredo, o lado mundo do ser. A candomblé abre canais de expressão para o ser humano.
Fonte: Revista Candomblé Mitos e Lendas
segunda-feira, 25 de maio de 2009
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